Grandes pelágicos migradores (tunídeos)

Os Tunídeos são um importante recurso de pesca tradicional na Região Autónoma da Madeira, caracterizado por pronunciadas flutuações anuais das suas capturas. Essas flutuações são fortemente influenciadas pela variabilidade das condições ambientais oceânicas que, diretamente ou através da respetiva influência na abundância de alimento, determinam as rotas migratórias características dessas espécies e a sua maior ou menor acessibilidade à frota de pesca nesta área Atlântica.

A captura de tunídeos na Madeira é praticada tradicionalmente por embarcações que utilizam o salto e vara e ocorre entre Março e Junho de cada ano, com o aparecimento do patudo (Thunnus obesus) e voador (Thunnus alalunga) que atingem a captura máxima por volta do mês de Maio, devido à concentração de cardumes nas camadas de água superficiais em torno do arquipélago. A partir de Junho estas capturas diminuem significativamente, devido à menor abundância de patudo na área. Nesta época do ano o gaiado (Katsuwonus pelamis) torna-se a espécie-alvo da pescaria, com concentrações máximas em Setembro e Outubro. As restantes espécies de tunídeos têm uma ocorrência esporádica, irregular e com capturas menos importantes.

Em anos recentes, a sazonalidade das capturas destas espécies não tem sido marcante, dada a captura de exemplares de grande tamanho por palangres de pequena dimensão e linhas de mão nos meses iniciais e finais de cada ano, pela frota atuneira regional de salto e vara e pequenas embarcações costeiras. A utilização destas artes de pesca alternativas têm contribuído para o recrudescimento da captura de grandes exemplares de rabil (Thunnus thynnus) disponíveis em camadas de água mais profundas do oceano, com valor económico apelativo no mercado nacional e internacional.

As áreas de pesca estão localizadas em torno da Ilha da Madeira, Desertas e Porto Santo, com deslocações importantes às Ilhas Selvagens, Banco Seine e arquipélago dos Açores.

Os tunídeos representam assim, historicamente, um dos componentes principais do pescado desembarcado nas lotas da R.A.M. As descargas de patudo fresco e refrigerado atingiram, em 2020, cerca de 1088 toneladas com o correspondente valor transacionado de 3,3 M€. O voador atingiu as 902 toneladas e 2,8 M€. No que respeita ao gaiado esses valores foram de 175 toneladas e 215 k€. A captura recente dirigida ao atum rabil situou-se em 111 toneladas a que correspondeu um valor de vendas de 417 k€, estando a captura desta espécie condicionada pela quota de pesca atribuída e limitada ao período temporal permitido.